A Capela de Nossa Senhora das Mercês recepciona os viajantes que chegam ao Centro Histórico de Tiradentes. Localizada no bucólico Largos das Mercês, a igreja do final do século XVIII, sem data específica, construída em estilo barroco/rococó, esconde na fachada simples um interior com belas pinturas atribuídas a Manoel Victor de Jesus. Ao lado da igreja, há também um cemitério, onde ainda hoje acontecem sepultamentos.
Histórico e documentação:
A Ordem Real e Militar de Nossa Senhora das Mercês da Redenção dos Cativos foi fundada por São Pedro Nolasco e São Raimundo Penaforte, na Espanha, com a intenção de libertar os cativos na época em que a Península Ibérica estava dominada em grande parte pelos mouros.
A Irmandade das Mercês, durante a época colonial, era reservada aos pretos nascidos no Brasil e aos mulatos principalmente, mas no século XIX tornou-se uma importante agremiação. Em Minas Gerais tornou-se extremamente popular. Em praticamente todas as vilas mineiras existiram irmandades de Nossa Senhora das Mercês. No fim do século XIX o Bispo de Mariana, Dom Antônio de Sá e Benevides conseguiu a elevação da Irmandade a arquiconfraria, título que até hoje ostenta, sendo a única irmandade do século XVIII sobrevivente em Tiradentes.
A irmandade dos negros da Vila de São José del-Rei escolheu para orago de seu templo a Senhora protetora dos cativos – Nossa Senhora das Mercês. A Irmandade de Nossa Senhora das Mercês dos Pretos Crioulos foi instituída no dia 14 de dezembro de 1756.
O termo de aceitação do compromisso data de 1789 e já se refere ao consistório da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês, provavelmente da capela própria. Embora não exista documento anterior a 1800 sobre a construção do templo, é certo que no ano de 1807 a capela já devia estar parcialmente construída, uma vez que naquele ano decidiu-se transferir a procissão dos Passos para a capela de Nossa Senhora das Mercês.
Em 1824, D. Frei José da SSmª Trindade, em seu relatório de visita pastoral, refere-se ao altar de talha moderna pintado e dourado da capela de Nossa Senhora das Mercês, como também à pintura do forro. Sobre os trabalhos da talha, a única documentação existente é um pagamento feito ao entalhador José Morais Pereira no ano de 1808, sem, entretanto, especificar a obra. Entre 1807 e 1820 aparecem vários pagamentos por compra de madeiras, cipó para andaimes e obras de carpintaria, encontrando-se entre estes um pagamento a Manoel Martins de Souza por trabalho no forro da capela. As pinturas do forro, retábulo, arco-cruzeiro são de autoria do artista Manoel Victor de Jesus e, parecem ter sido concluídas em 1821. São também de sua autoria, a pintura de um azulejo na capela-mor, credências, sacras e uma bandeira da Irmandade. Já a pintura do óculo, executada entre 1829 e 1830, é de autoria do pintor Jerônimo José de Vasconcelos. O assoalho foi feito entre 1821 e 1823, mas em 1969 foi totalmente substituído, eliminando-se as campas. Os púlpitos foram executados por Joaquim Moreira da Silva, por volta de 1824 e pintados em 1845 por Severino de Almeida Souza.
Como indica a documentação existente, a construção da igreja de Nossa Senhora das Mercês ocorreu de forma bastante lenta, em função dos escassos recursos, tendo suas obras se arrastado até o século XX, quando foram concluídos o aterro, arrimos e calçamentos do adro. Em 1960/61, o IPHAN realizou obras de restauração na igreja que compreenderam a reconstituição do frontão que havia ruído e a restauração do forro da nave. Mais recentemente, o IPHAN empreendeu ampla restauração na igreja.
Arquitetura:
A fachada é larga e simétrica, com o corpo da capela ladeado por duas extensões cobertas por telhado em uma água. O bloco central tem uma porta única larga com verga em arco abatido, sem ornamentos. Sobre ela se abrem dois janelões com balaustradas, à altura do coro, também com verga em arco abatido. Uma cimalha estreita separa o bloco do frontão em curvas com duas volutas e acrotério curvo com pináculos ladeando a cruz e sobre os cunhais. Duas outras pinhas coroam as volutas. No centro há um óculo redondo, e sobre ele um brasão da Ordem coroado e florões e dois querubins nas laterais.
Os volumes laterais da capela apresentam um janelão cada um, idênticos aos do bloco central. Uma seteira no bloco da direita situa-se debaixo do janelão, que é vazado e serve como campanário. Nesses corpos laterais o telhado aparece com as telhas de topo e o beiral de beira-seveira. A base do edifício tem uma faixa em pedra aparelhada aparente em toda a sua extensão
A Igreja possui planta centrada por nave e capela-mor mais estreita, com duas sacristias ladeando a capela-mor, dois consistórios ladeando a nave, sendo o da esquerda dividido em pequeno saguão. À direita existe um cômodo sob a sineira.
O interior possui apenas o rico altar-mor, em estilo rococó, policromado e dourado por Manoel Victor de Jesus, com decoração em rocalhas, flores e marmoreados de cores fortes, talha em aplique, com coroamento em arco pleno e tarja. O arco-cruzeiro é coberto de talha dourada e policromada, com ampla sanefa e tarja com armas da Ordem. Complementam a decoração uma bonita balaustrada de jacarandá torneado, dois púlpitos policromados e coro com balaustrada torneada, já do século XX.
As belas pinturas de Manoel Victor de Jesus, ao gosto rococó, cobrem os forros da nave e capela-mor. No forro da capela-mor, um painel com nove caixotões representa a invocação de Ladainha de Nossa Senhora com frases em Latim. Na nave acha-se representada Nossa Senhora das Mercês, com os braços abertos sobre o Manto da Misericórdia; cercada por nuvens e anjos. Surgem imagens de São Pedro, Abraão, Isaac e Moisés com a tábua das leis. No trono existem as imagens de Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora do Parto e São Gonçalo do Amarante. Nas laterais corre um parapeito em perspectiva ilusionística com figuras de santos e anjos. Nos nichos laterais, os dois grandes santos da ordem mercedária: São Pedro Nolasco e São Raimundo Nonato.
A capela possui algumas peças de valor como a bela imagem rococó da padroeira, de grandes proporções, disposta no altar-mor. Na sacristia encontram-se um belo arcaz em talha rococó, lavabo e pias de água-benta. A capela possui ainda algumas peças de prata dos séculos XVIII e XIX, com destaque para o turíbulo português de fins do século passado.
Horários de Celebrações
Matriz de Santo Antônio
Sábado, às 18h: Santa Missa.
Domingo, às 19h: Santa Missa.
Terça-feira, às 19h: Santa Missa e Trezena de Santo Antônio.
Quinta-feira, às 18h30: Adoração ao Santíssimo Sacramento e Santa Missa. Sexta-feira, às 19h: Santa Missa.
Santuário da Santíssima Trindade
Domingo, às 10h: Santa Missa.
Igreja de Nossa Senhora das Mercês
Domingo, às 8h: Santa Missa. •
Aos Sábados: Santa Missa
Às 19h30: Capela de Nossa Senhora da Penha de França, Comunidade do Bichinho.
Comunidades Rurais: Santa Missa
1° Domingo – Capela de Nossa Senhora do Pilar, Comunidade do Elvas, às 14h.
2° Domingo – Capela de São Sebastião e São Bento, Comunidade da Greta D’Ouro, às 14h.
3° Domingo – Capela da Beata Nhá Chica, Comunidade do Banquinho, às 14h.
4° Domingo – Capela de Nossa Senhora de Fátima, Comunidade da Caixa D’Água da Esperança, às 15h.
Ocorrendo alguma festividade religiosa, os horários poderão sofrer alterações.